terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Malha cicloviária no DF é extensa, mas tem muitos problemas para resolver

A capital federal possui, atualmente, 313 quilômetros de ciclovias, com previsão de chegar ao final de 2014 com 600 Km. A informação consta de matéria publicada na revista Veja Brasília desta semana. Uma equipe de repórteres percorreu essas ciclovias, que se espalham por 17 das 33 regiões administrativas do Distrito Federal, para levantar os pontos positivos e negativos da expressiva malha do DF, uma das maiores entre as capitais do mundo.

Do total de 313 km de pistas trafegáveis, segundo a reportagem, 183 já foram finalizados e 171 estão em fase de conclusão. Alguns bairros da capital contam com malhas cicloviárias maiores do que muitas capitais brasileiras – caso do Lago Sul, com 49 Km, Recanto das Emas, com 33, Ceilândia, com 31, e Park Way, com 27 km.


A matéria aponta a grande expansão que vem acontecendo nesse setor, mas relata problemas estruturais como falta de iluminação, sinalização precária e má conservação do asfalto. Mas a revista revela, também, que muitas dessas ciclovias estão em ótimo estado e são cada vez mais frequentadas por cidadãos pedalantes.

Falta de ligação

Claro que estes dados e as perspectivas, bastante otimistas, merecem comemoração. Mas alguns problemas precisam ser resolvidos para que se possa extrapolar o campo do lazer e começar a pensar seriamente em um projeto de mobilidade urbana no DF. O primeiro reside no fato de que apesar da expressiva expansão da malha, inexistem pistas de ligação entre as ciclovias das 17 regiões administrativas beneficiadas. Assim, continua sendo uma aventura perigosa pensar na bicicleta como meio de transporte no DF, a menos que você more no Plano Piloto.


A EPTG não tem espaço para o ciclista transitar
EPTG não oferece espaço para o trânsito de ciclistas
Para se locomover para o centro vindo de Taguatinga, Águas Claras, Guará, Park Way, Núcleo Bandeirante, Sobradinho, ou mesmo dos Lagos Sul ou Norte (locais onde reside a grande maioria dos habitantes da capital), a única alternativa é disputar rodovias federais ou distritais com carros, caminhões, motos e ônibus – pistas de trânsito intenso, muitas sem acostamento ou qualquer espaço que permita o trânsito de bicicletas, sendo extremamente perigosas para os ciclistas.

O próprio centro da cidade, nas redondezas da Rodoviária do Plano Piloto, é mal servido de ciclovias. Existem pistas para bikes “acima” e “abaixo” da Rodô, bem como a Norte e a Sul, mas cruzar esse marco, de bicicleta, é também uma aventura.

Lazer

O fato é que o DF ainda não conta com um sistema de ciclovias. O que existem são pistas para ciclismo autônomas e incomunicáveis, que se prestam para o lazer ou para pequenos trajetos para moradores que trabalham na própria localidade. Mas que não respondem, ainda, à necessidade de estrutura viável para um projeto de mobilidade urbana.

É um ótimo começo. Comemorável, como já disse. Mas essas ciclovias são apenas partes estanques de um todo que ainda não existe.

Polícia

Outro ponto importante que precisa ser enfrentado, se a intenção é incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte (em substituição ao automóvel), se refere à segurança. Ciclovias mal iluminadas, sem a presença da Polícia, afastam os ciclistas, principalmente aqueles que pretendem usar a bike como meio de transporte e precisam voltar do trabalho de magrela depois das 18 ou 19 horas.

Em Brasília, há alguns anos, todos conheciam “Cosme e Damião”, apelido dado a duplas de policiais que caminhavam pelas quadras da capital, vigiando e realizando segurança preventiva, inclusive à noite. A operação alcançou relativo sucesso, reduzindo o número de casos de assaltos onde foi implantada.

Para incentivar o uso das magrelas como integrante de um projeto sério de mobilidade urbana, quem sabe “Cosme e Damião” não podem voltar à nossa cidade, desta vez de bicicleta, pedalando por nossas ciclovias para prevenir assaltos e encorajar o cidadão a começar (ou voltar) a pedalar pela cidade?

Modelo

O DF tem tudo para se tornar modelo e exemplo para o Brasil – quiçá para mundo - em termos de incentivo ao uso de bicicleta e mobilidade sobre duas rodas. Basta que as autoridades pensem nas ciclovias não como um fim em si mesmo, mas como parte de um projeto global de mobilidade urbana.

Um comentário:

  1. Nossa...seria mesmo bem diferente e legal a dupla "Cosme e Damião " fazendo ronda de bike!

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